Minhas leituras favoritas de 2023

Surpreendentemente, acabei conseguindo ler mais em 2023 do que no ano anterior. Levando em conta que a minha rotina ficou ainda mais frenética, considero isso um feito e tanto. A frequência também foi fora do comum: em alguns dias, quando estava lendo alguma obra empolgante, li loucamente; já em outros momentos, passei semanas avançando muito pouco nas páginas. De qualquer maneira, foi um período ótimo e com muitas leituras cativantes. Continue Lendo “Minhas leituras favoritas de 2023”

Minhas leituras favoritas de 2022

Em um primeiro momento, achei que leria bem menos em 2022. Porém, com o passar do tempo, consegui manter e aumentar o ritmo, mesmo com a rotina mais agitada. Desta vez não me forcei a nada e abandonei alguns livros no meio do caminho — insisti em poucas obras chatas e não me arrependo de ter deixado pra lá certas leituras. No fim, sinto que foi um ano bem proveitoso e repleto de leituras envolventes. Continue Lendo “Minhas leituras favoritas de 2022”

Minhas leituras favoritas de 2021

Em 2021 eu mantive o meu ritmo de leitura dos anos anteriores mesmo com uma rotina inconstante: tive alguns momentos bastante intensos e repletos de histórias, já em outras épocas eu fiquei semanas sem ler ao menos uma página. É natural que isso acontecesse, afinal meu 2021 foi bem caótico e repleto de mudanças. Mesmo assim, conferi algumas histórias bem bacanas, porém nada muito diferente do meu usual (o que não é ruim, pelo contrário). Continue Lendo “Minhas leituras favoritas de 2021”

Minhas leituras favoritas de 2020

2020 foi puro caos, porém, curiosamente, consegui manter constante o meu ritmo de leituras. A minha diversão em ler neste ano teve algumas viradas interessantes. Para começar, me rendi de vez aos ebooks e ao Kindle: de todas as obras que li, somente uma foi em um livro físico. Também aproveitei para conferir o trabalho de alguns autores contemporâneos brasileiros, entre contos e romances, e gostei bastante — alguns, inclusive, escolhi como favoritos do ano. Continue Lendo “Minhas leituras favoritas de 2020”

Resenha: Pequenos incêndios por toda parte, de Celeste Ng

”     — Isso incomoda muito você, não é? — perguntou Mia subitamente. — Acho que não consegue imaginar por que alguém escolheria uma vida diferente da que você tem. Por que alguém ia querer algo que não um casarão com um gramado grande, um carro chique, um trabalho no escritório? Por que alguém escolheria uma coisa diferente da que você escolheu? — Era sua vez de examinar a Sra. Richardson, como se a chave para compreendê-la estivesse codificada em seu rosto. — Você fica apavorada por ter deixado passar algo, por ter aberto mão de algo que nem sabia que queria. — Um sorriso afiado e piedoso ergueu os cantos dos seus lábios. — O que foi? Um rapaz? Uma vocação? Ou uma vida inteira?
     A Sra. Richardson mexeu nos recortes das fotografias de Mia em cima da mesa. Sob suas mãos, pedaços de cachorro e de homem se separaram, se misturaram e se reuniram.”

Um sutil e velado conflito de ideologias está no centro de Pequenos incêndios por toda parte, segundo livro da escritora norte-americana Celeste Ng. A trama sobre o entrelaçamento de duas famílias bem diferentes me conquistou com os inúmeros assuntos abordados, como expectativas, diferentes maneiras de levar a vida, maternidade, a realidade por trás das aparências e mais. Personagens bem construídos, uma narrativa simples, mas de bom ritmo e muitas reviravoltas me fizeram não largar a leitura. O livro também foi transformado em uma série de TV estrelada por Reese Witherspoon e Kerry Washington, mas ainda não tive a oportunidade de conferir. Continue Lendo “Resenha: Pequenos incêndios por toda parte, de Celeste Ng”

Resenha: A Garota Marcada Para Morrer (Millennium 6), de David Lagercrantz

“— O que ela quis dizer?
— Também me perguntei isso, mas então me veio à cabeça a história do pai dela.
— Como assim?
— Porque daquela vez ela se defendeu atacando primeiro, e fiquei com a sensação de que ela estava planejando alguma coisa parecida de novo: atacar primeiro. Me assustei, Mikael. Eu vi os olhos dela, e aí não importava mais que ela fosse o sonho de toda sogra ou sei lá o quê. Ela parecia extremamente perigosa. Seu olhar era de uma escuridão total.
— Acho que você está exagerando. Lisbeth não é de correr riscos desnecessários. Ela costuma ser bem racional.
— Ela é racional, só que do jeito louco dela. Mikael pensou no que Lisbeth tinha dito a ele no Kvarnen: que ela ia ser o gato e não o rato.”

Fui pego de surpresa quando soube que A Garota Marcada Para Morrer, o sexto livro da série Millennium, já tinha sido lançado. A franquia foi criada pelo sueco Stieg Larsson, que infelizmente faleceu após a publicação do terceiro volume. Após isso, a série teve continuidade pelas mãos de David Lagercrantz, que produziu dois livros razoáveis (A Garota na Teia de Aranha e O homem que buscava sua sombra), porém nem de longe tão bons quanto a trilogia inicial. O sexto e último volume da franquia repete a fórmula dos dois anteriores em uma leitura agradável que eu apreciei, mas que não oferece a mesma qualidade dos originais. Continue Lendo “Resenha: A Garota Marcada Para Morrer (Millennium 6), de David Lagercrantz”

Resenha: Tudo pode ser roubado, de Giovana Madalosso

”   Na verdade, li só uma parte. Larguei quando uma índia conhece o tal Guarani e, meia hora depois de conhecer o cara, quando os dois são atacados por outros índios, ela se joga na frente dele para salvá-lo de uma flechada e morre com a lança cravada no peito. Ela chega nesse grau de paixão e abnegação meia hora depois de conhecer o cara. Não sei como as coisas eram naquela época, mas sei que hoje ninguém se atira na sua frente, nem que seja pra te salvar de uma picada de abelha.
    Que amarga você.
    Amarga não, garçonete. Passo várias horas por dia ouvindo as conversas dos outros. Claro que não dá pra ouvir tudo, mas o suficiente pra saber que, com poucas exceções, o egoísmo venceu o amor.”

Uma garçonete paulista que seduz pessoas e surrupia discretamente seus pertences é a protagonista de Tudo pode ser roubado, o primeiro romance da curitibana Giovana Madalosso. Fiquei intrigado com o conceito curioso, e no fim acabei fisgado pela narrativa ágil, personagens cativantes e algumas reflexões contemporâneas interessantes em uma leitura bem divertida e politicamente incorreta. Continue Lendo “Resenha: Tudo pode ser roubado, de Giovana Madalosso”

Resenha: Tóquio proibida, de Jake Adelstein

““Ou você apaga essa matéria ou apagamos você. E talvez sua família também. Eles primeiro, que é para você aprender a lição antes de morrer.”
O testa de ferro bem vestido falava muito devagar, da maneira como se fala com idiotas ou com crianças, ou como os japoneses às vezes falam com estrangeiros desorientados.
Parecia uma declaração como outra qualquer.
“Largue essa matéria e largue o emprego, e vai ser como se nada tivesse acontecido. Escreva o artigo, e não haverá neste país lugar algum em que a gente não ache você. Entendido?”
Nunca foi uma boa ideia estar contra o Yamaguchi-gumi, a maior facção do crime organizado no Japão. Com cerca de 40 mil membros, é um bocado de gente para provocar.”

O Japão reside no imaginário de muitas pessoas por causa de várias características, como sua cultura exótica, sociedade organizada e alta tecnologia. Mas, na verdade, no país há um mundo de crime, tráfico e exploração, atividades essas muitas vezes controladas pela yakuza, a famosa máfia japonesa. Em Tóquio proibida, o repórter Jake Adelstein mostra um pouco desse Japão não muito conhecido em um livro que é um misto de biografia e reportagem. A obra me conquistou com seu ritmo acelerado, abordagem de fatos interessantíssimos (mesmo que bastante deploráveis) e as várias reflexões. Continue Lendo “Resenha: Tóquio proibida, de Jake Adelstein”

Resenha: Recursão, de Blake Crouch

“É intenso demais. Pior que a tortura da asfixia, mas igualmente fora de seu controle, porque não é uma lembrança que ele esteja buscando por conta própria. De alguma forma, está sendo projetada em sua mente, contra sua vontade, e lhe ocorre que talvez haja um motivo para nossas lembranças serem armazenadas com um ar nebuloso e desfocado. Talvez a abstração que as reveste sirva como um anestésico, um amortecedor que nos protege da agonia do tempo e de tudo que ele rouba e apaga de nossa vida.”

Conheci Blake Crouch por meio de seu livro Matéria Escura, o qual li em pouquíssimos dias por causa de sua trama interessante e excelente ritmo. Sendo assim, fiquei animado quando soube da existência de Recursão, seu segundo trabalho. Assim como a obra anterior, o novo livro usa um aspecto científico para criar uma história única de ficção científica misturada com mistério em uma narrativa ágil, em uma interpretação bem pensada de viagem no tempo. Continue Lendo “Resenha: Recursão, de Blake Crouch”

Resenha: Branco Letal (Cormoran Strike #4), de Robert Galbraith (J.K. Rowling)

“– Infelizmente – disse Strike – não posso assumir o trabalho nesses termos, Izzy.
– E por que não?
– O cliente não tem que me dizer o que posso e não posso investigar. Se não quiser toda a verdade, não sou o homem certo para você.
– Você é, sei que é o melhor, por isso papai o contratou e é por isso que eu quero você.
– Então você vai precisar responder a perguntas quando eu as fizer, em vez de me dizer o que importa e o que não importa.
Ela o olhou feio por cima da borda da xícara de chá e depois, para surpresa dele, deu uma risada frágil.
– Não sei por que estou surpresa. Eu sabia que você era assim.”

Desde que li O Chamado do Cuco, o primeiro romance policial de Robert Galbraith (um pseudônimo utilizado por J.K. Rowling), me tornei fã das histórias do detetive Cormoran Strike. Gosto demais dos mistérios instigantes e intrincados, das narrativas bem escritas, e da sinergia entre a dupla de protagonistas. As adaptações para a TV também me agradaram, pois conseguem passar a atmosfera da série em episódios curtos. Branco Letal, o quarto volume da série, tem a trama mais longa e complexa até o momento, e me prendeu fortemente até o fim. Continue Lendo “Resenha: Branco Letal (Cormoran Strike #4), de Robert Galbraith (J.K. Rowling)”