Impressões: ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist

Em ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist, uma garota indefesa tenta sobreviver aos desafios de um mundo perigoso com a ajuda de humanos artificiais. A aventura de ação e plataforma combina a exploração metroidvania com combates complicados em uma experiência de dificuldade intensa. A sequência de ENDER LILIES: Quietus of the Knights faz ajustes em diversos aspectos, sugerindo uma jornada mais balanceada e diversa. Lançado em Acesso Antecipado, o jogo já transborda qualidade apesar de oferecer pouquíssimo conteúdo.

Em busca de memórias perdidas em um universo desolador

No País dos Vapores, a sociedade se desenvolveu ao aproveitar recursos mágicos escondidos no solo. Um dos grandes marcos foi a criação de homúnculos, humanos artificiais que ajudavam a realizar tarefas complexas. Porém, a harmonia acabou quando uma estranha névoa surgiu dos subterrâneos, transformando os homúnculos em criaturas agressivas. Logo o caos tomou conta do país e os poucos humanos passaram a viver escondidos e com medo.

Nessa situação complicada conhecemos Lilac, que acorda sem boa parte das memórias em um laboratório. Ela se lembra de ser uma Sintetizadora, pessoa capaz de purificar homúnculos corrompidos. Logo ela conhece Nola, uma misteriosa espadachim homúnculo que parece ter relação com tragédias que assolaram o reino, mas que também não se lembra de seu passado. Juntas, as duas partem em uma jornada para recuperar suas memórias e salvar outros humanos artificiais.

ENDER MAGNOLIA se desenrola na forma de uma aventura de ação e plataforma 2D com elementos de RPG. O país está infestado de monstros, mas Lilac é indefesa, então ela invoca seus aliados homúnculos para atacar. Cada um deles oferece habilidades distintas, como golpes rápidos de espada, tiros para acertar alvos distantes, investidas poderosas e mais. No decorrer da jornada, Lilac conhece novos homúnculos, o que aumenta as possibilidades estratégicas do combate.

O País dos Vapores tem estrutura complexa com inúmeras salas e câmaras interconectadas. Muitos dos locais não podem ser acessados em um primeiro momento, exigindo chaves, alguma habilidade especial para destruir obstáculos ou então ativando dispositivos em outros pontos do mapa. Além disso, há segredos espalhados por todos os cantos, incentivando ainda mais a exploração.

Enfrentando perigos em combates viscerais e complicados

Claramente o foco de ENDER MAGNOLIA está no combate: há inimigos por todos os cantos e a dificuldade é notável, bastando poucos ataques para ser derrotado. O ritmo é mais cadenciado, sendo necessário observar os inimigos e agir na hora certa para sair vitorioso. Os chefes elevam esse conceito a outros patamares com padrões de ataques amplos e brutais, além de embates com múltiplas fases.

Os diferentes tipos de homúnculos oferecem muitas opções ofensivas, sendo possível equipar até quatro deles simultaneamente, cada qual associado a um botão. A grande novidade nesse aspecto é que agora cada aliado conta com três tipos de ataques que alteram sensivelmente o estilo de jogo. Nola, por exemplo, pode trocar sua espada por uma foice ágil de força reduzida ou por um lento e poderoso machado. São prometidos por volta de 30 homúnculos na versão final, o que resultará em uma vasta gama de opções estratégicas.

Assim como o anterior, ENDER MAGNOLIA é difícil. No meu tempo com o jogo, morri inúmeras vezes para criaturas comuns e chefes, principalmente por ser descuidado. Porém, em nenhum momento me senti frustrado: fui mais cuidadoso e tentei novas estratégias e, com isso, consegui sair vitorioso. É empolgante e recompensador conseguir derrotar um mestre difícil, mesmo que isso às vezes exija insistir por inúmeras vezes.

Uma mudança notável na sequência é a remoção da mecânica de receber dano e ser jogado para longe pelo simples ato de tocar os inimigos, algo que eu achava bem irritante no título anterior. Essa alteração deixa os confrontos menos punitivos, pois agora há mais espaço para erros, mas, em contrapartida, os monstros são mais agressivos e contam com golpes mais difíceis de escapar. Gostei da alteração, pois deixa o jogo mais acessível sem sacrificar o desafio característico. Além disso, a desenvolvedora pretende oferecer opções para aumentar ou diminuir a dificuldade.

Um mundo com muito a ser descoberto

Em sua essência, ENDER MAGNOLIA é um representante exemplar do gênero metroidvania com seu mapa intrincado e partes que dependem de novas habilidades para serem acessadas. A estrutura é um pouco diferente, com áreas contidas e mais lineares que lembram calabouços tradicionais com alguns puzzles simples de navegação e muitos monstros para enfrentar.

Um detalhe curioso é que Lilac recebe o pulo duplo e investida aérea logo no começo da aventura — normalmente essas habilidades clássicas costumam ser obtidas em momentos mais avançados em metroidvanias. Com isso, a exploração se torna ágil bem cedo, por mais que os desafios de plataforma sejam um pouco tímidos nesse início. Espero que a versão final tenha mais habilidades de navegação e que elas sejam exploradas de maneiras significativas.

A versão de lançamento de Acesso Antecipado conta com quatro áreas distintas: um laboratório abandonado, as cercanias de uma cidade devastada, uma mina e uma torre em ruínas, em um conteúdo que pode ser concluído em aproximadamente três horas. Apesar de simples, há muito o que encontrar, como equipamentos, cartas com informações sobre o mundo e áreas secretas. Porém, torço para que as demais localidades do mundo tenham ideias criativas e interessantes.

No campo da exploração, o título tem novidades que deixam a tarefa de desbravar o mundo mais ágil. Lilac é capaz de correr e agora é possível voltar a pontos de salvamento a qualquer momento. O mapa foi amplamente melhorado, contando com desenho elaborado das salas e ícones sobre pontos de interesse e obstáculos.

Na beleza soturna de um reino devastado

A atmosfera melancólica característica da série se mantém em ENDER MAGNOLIA, que aposta na mistura de fantasia sombria com ficção científica. A desolação do País dos Vapores é palpável com o uso constante de cores sóbrias, locais em ruínas e trilha sonora com pianos e vocais suaves. Além disso, toques de cor neon e elementos eletrônicos nas músicas trazem um leve ar de tecnologia à ambientação.

Nota-se também um maior empenho na parte técnica com movimentação mais natural de personagens e cenários ainda mais elaborados. Um detalhe que apreciei é a maior variedade visual em relação ao anterior, cujos cenários eram majoritariamente cinza. Já no começo de sua jornada, Lilac visita uma torre tomada por belas árvores vermelhas, uma montanha salpicada de neve e flores de tons claros, e uma cidade em ruínas com impressionantes construções. O resultado já é estonteante e fico me perguntando o que virá a seguir.

Uma jornada para ficar de olho

ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist expande a tradição estabelecida por seu antecessor em uma aventura elaborada e envolvente. A jornada de Lilac e Nola é repleta de batalhas intrincadas e exploração meticulosa, instigando os jogadores a mergulhar profundamente em um mundo desolado, mas vibrante em sua construção narrativa e visual.

Ajustes na jogabilidade e na mecânica de combate não apenas aliviam frustrações passadas, mas também introduzem novas camadas de estratégia, mantendo o jogo desafiador, porém acessível. A versão de lançamento de Acesso Antecipado tem conteúdo reduzido, mas há a promessa de uma aventura ampliada, juntamente com melhorias técnicas notáveis. No fim, ENDER MAGNOLIA já esbanja qualidade e tudo aponta que não só honrará seu legado, mas está destinado a superá-lo.

ENDER MAGNOLIA: Bloom in the Mist está disponível no PC

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