Impressões: Video Games Live 2008 – Brasília

Quase um ano depois o Video Games Live volta a se apresentar em Brasília. Nesse meio tempo minha opinião sobre o evento mudou muito, principalmente depois de começar a acompanhar os posts de Alexei Barros no Hadouken. Mas como é o único evento desse porte que vem por essas bandas eu não poderia deixar de ir. E é uma pena que o resultado final não tenha sido tão bom quanto eu esperava.


Lá pro início do ano começaram a ser anunciadas as datas das apresentações da turnê 2008 do VGL e para (falta de) surpresa da maioria Brasília estava fora da lista, mesmo Tommy Talarico dizendo que eles voltariam em 2008. Os meses foram passando e no fim de Julho as datas foram modificadas e Brasília estava incluída, com data marcada para 28 de Setembro. Bem, a data do anúncio ficou bem próxima da data do show, mas tudo bem, o que importa é que o VGL voltaria esse ano. E foram prometidas também várias novidades, tanto em repertório como em atividades para o público. Como eu temia aparentemente o tempo não foi suficiente…

Para antes do show foram prometidas várias atividades como Museu do Videogame (com várias relíquias jogáveis), freeplay de Nintendo Wii (com Wii Sports, Smash Bros Brawl, Wii Fit, Mario Galaxy), espaço com pufes e sofás pro pessoal jogar portáteis e outras coisas, isso a partir das 10h da manhã. Quando cheguei lá vi outra coisa: alguns estandes com Speed Racer para Wii (uma boa surpresa, inclusive), uns poucos sofás, um museu do videogame (museu literalmente, pois não era possível jogar quase nada e boa parte dos consoles estava desligada), alguns Wiis ligados com WiiSports (nada de WiiFit) e várias tvs reservadas ao campeonato de PES2008. E gente, muita gente (entediadas, inclusive, pelo que conversei com alguns). Organizaram o espaço de tal maneira que estava muito difícil de andar por conta da quantidade de gente, fato que ficou bem pior por volta das 18h quando boa parte das pessoas chegaram para o show. E ainda tive que enfrentar duas (demoradas) filas (uma para entrar no lobby e outra para entrar no auditório), ano passado não teve esse tumulto e essa demora. Na “banquinha” a facada estava funda: camisetas por R$35 e cds por R$45 (que foi baixado para R$30 depois de algumas horas sem vender praticamente nenhum). Não acompanhei os campeonatos, mas as pessoas dizem que foi tudo desorganizado. Conclusão: muito mais bagunçado que a edição de 2007, com espaço de difícil locomoção e atividades insuficientes para o tanto de gente. Uma pena.

Bem, isso era o de menos, afinal o importante era o show principal, marcado para começar às 19h. Com atraso de praticamente uma hora, o VGL começou com um divertido vídeo, seguido de campeonato de cosplay. Depois foi exibido o vídeo da Ms. Pacman (o mesmo do ano passado) e o show propriamente dito começou. Pelo menos uma promessa foi cumprida: o repertório estava bem diferente, de novidade teve Harry Potter, God of War, Crysis, Castlevania, Metroid e outros que não me recordo. No lugar de Martin Leung veio Michael “Piano Squall” Gluck. E pra mim foi ótimo não terem fechado com One Winged Angel (os fãs que me desculpem, a música é ótima, mas não suporto o exagero em cima dela). Receita que tinha tudo pra dar certo, mas……

Já de início era possível observar algo: a orquestra estava reduzida em relação ao ano passado e isso impactou bastante nas músicas, elas não ficaram tão “naturais”. E segundo relatos na comunidade do Orkut os músicos não tiveram tempo suficiente para ensaiar, pode ser que isso também afetou a apresentação. Outro detalhe é que em boa parte da músicas era possível ouvir instrumentos  que não estavam presentes na orquestra (como uma bateria na música do Castlevania), ou seja, playback. E ficou a impressão de que o show foi bem menor que o do ano passado, talvez por conta do atraso e pela falta de participações especiais como a banda 8bit. Pra mim isso só confirma o fato de tudo ter ficado meio corrido.

Sobre o VGL em si eu também não fiquei tão satisfeito. Fiquei feliz que algumas músicas tenham sido retiradas (principalmente Tron, mas infelizmente Kingdom Hearts ainda continuou) e também gostei das novidades (Harry Potter, Metroid). Só não gostei muito de Crysis e Mass Effect, eu não conheço os jogos e suas músicas não me cativaram como as músicas dos jogos desconhecidos do ano passado. E também não gostei do fato de que as músicas do Mario, Zelda e Sonic permaneceram intocadas, adoraria ver canções do Mario Galaxy (Wind Garden e Good Egg Galaxy, por exemplo) e de outros jogos de Zelda e Sonic. E por que colocar novidades tão recentes como Crysis, Mass Effect e Harry Potter se existe tanta música boa no universo dos games para ser explorada? Meu real desejo era ver The Last Blade, Legend of Mana (Earth Painting e Title Theme, por exemplo), Baten Kaitos (ou qualquer outra composição interessante do Motoi Sakuraba, como Eternal Sonata), Street Fighter (me disseram que a Capcom não libera as músicas dos jogos dela, não sei se é verdade, por mais que tenha Ghosts ‘n Goblins no medley de arcade), entre outros mil jogos mais “classicos” (e especiais para mim, claro). É uma pena que composições de jogos mais recentes sejam preferidas. E também não gostei de Guitar Hero no palco, pra mim ficou parecendo algo meio fora do contexto, mas isso não conta muito pois eu não tenho nenhuma simpatia por Guitar Hero enquanto todo o resto ama de coração. Por fim achei as performances do “Piano Squall” um tanto quanto fracas, aparentemente ele preferiu tocar canções que exigissem velocidade (como a Athletic Theme do Mario World), talvez para mostrar sua habilidade no piano, enquanto várias outras músicas mais interessantes poderiam ser tocadas. E o tema de Smash Bros Brawl fica bom numa orquestra de verdade mesmo, no piano a canção ficou um tanto quanto apagada. Isso é claro que é a minha opinião, aparentemente o público adorou tudo.

No fim eu gostei do Video Games Live, mesmo parecendo que eu não gostei do evento por conta dos pontos acima. Talvez eu seja exigente demais, talvez a questão do tempo realmente tenha afetado o evento, mas é uma experiência única, irei sempre que possível, torcendo claro para que melhorem cada vez mais. Interessante

Edit: Mais algumas impressões aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, vale uma lida.

12 comentários em “Impressões: Video Games Live 2008 – Brasília”

  1. Então, só algumas observações ^^

    – O museu foi literalmente um museu, fui pegar no controle do Atari pq eu não pego um faz uns 15 anos xD e a já vieram encher o saco que não podia tocar em nada

    – O lugar tava do mesmo tamanho do ano passado, mas estava pessimamente distribuido

    – O novo set list pra mim foi troca de 6 por meia dúzia, tiraram a música do Civ. IV, BG&E mas colocaram GoW e Metroid por exemplo. Mass Effect concordo com vc q nao é uma música que agrada quem não jogou, eu gostei pq já tinha jogado e amado o jogo, mas se eu não tivesse jogado provavelmente ia achar um saco, coisa q nao acontece com músicas do Civ. IV por exemplo.
    A One Winged Angel é muito boa mas tem muita babação, como eu joguei FFVII em 1997 mesmo e na época você jogar e ouvir um coral (mesmo sendo em midi) e a música nesse tipo era algo de outro mundo e é bom ver ao vivo, mas o problema é que infelizmente a moda pop da guitarra sem melodia afetou a música que pirou consideravelmente com a guitarra. Ora, ela preza pelo coral acompanhado dos belissimos acordes de celo e violino e a guitarra praticamente joga isso no lixo.

    – O novo pianista queria se mostrar virtuoso mesmo, mas ao menos ele tocou músicas como “To Zanakard” e “Terra’s Theme” no tempo certo, só achei que botou muita “firula” em algumas partes delas, mas no geral foi bom

    – Playback como já falei no orkut, é uma vergonha em orquestra. Até vai usar sintetizadores e playback mesmo com sons eletrônicos (apesar de que prefiro que a própria orquestra reproduza esses sons), mas playback pra instrumento de sopro de madeira foi o cúmulo!!!! Fora a percussão de playback, e não foi so a bateria do Castlevania não…..

    – Precisa sim de mudar Zelda e Mario, cansou já e tem MUITO material pra isso, vou postar no forum deles (já que pelo menos lá eles costumam ler e responder)

    – Quanto ao GH eu discordo de você, o VGL é mais pra um “concerto festivo de jogos”, é um show, é festa mesmo e GH ta na moda e é super popular, uma hora ou outra eles iam ter que tocar isso mesmo e agradeça por pelo menos a orquestra ter feito uma pequena e singela participação

    – Quanto ao tempo de ensaio, bem, falei antes do concerto com dois tenores e eles me disseram que tiveram dois dias para ensaio, perguntei se o tempo não era muito curto e eles disseram que não porquê é só ler a partitura, segundo eles é como ler um livro, lá fala tudo, como tocar / cantar, qual o tempo e qual o volume, e ainda tem o maestro orientando.
    Vai saber…..

    No mais aguardo o próximo ano, vou com certeza comprar no lugar mais barato mesmo nao compensa pagar R$70,00 pra assistir uma orquestra pequena e com playback. Acho que essas críticas devem ser passadas para o forum deles também (eles são muito abertos a críticas e sugestões pelo menos) e tentar valorizar o único grupo em três que conheço que faz questão de tocar aqui.

  2. Opa, parabéns pelo report e valeu pela menção, Farley! Muitas pessoas pensam que o VGL é o único concerto de game music do universo, quando existem tantos outros e melhores pelo mundo afora. Não podemos negar que eles valorizam o Brasil (essa já é a terceira turnê por aqui, afinal de contas) e têm os seus méritos, mas também não posso vendar os olhos e achar que tudo do início ao fim do show é perfeito e maravilhoso.

    Algumas ponderações, baseando-se no pouco que assisti no YouTube e no seu relato, mas levando em conta que não vi e nem verei (como sou de SP…) em 2008:

    – “E pra mim foi ótimo não terem fechado com One Winged Angel (os fãs que me desculpem, a música é ótima, mas não suporto o exagero em cima dela).” (2)

    Fico feliz com isso, de verdade. Uma hora cansa, numa boa.

    – “E também não gostei do fato de que as músicas do Mario, Zelda e Sonic permaneceram intocadas…” (2)

    Isso é algo que não me conformo. Jogos novos das séries são lançados e sempre ouviremos os clássicos e básicos temas do Mario e Zelda?

    Curioso que a maioria das músicas que você gostaria de ouvir (e eu também, assino embaixo) já apareceu em outros concertos, como Super Mario Galaxy no PLAY! A Video Game Symphony e Press Start 2008 ~Symphony of Games~, Baten Kaitos no PS 2008 e “Title Theme” do Legend of Mana no A Night in Fantasia 2007.

    Sobre o Piano Squall, das músicas que você e o KoaLLa citaram, “To Zanakard”, “Terra’s Theme”, “Athletic”, “Scars of Time”, entre outras, lamento que todas já passaram pelas mãos do Martin Leung. Ou seja, trocaram o pianista, não as músicas. E isso que o Squall tocou no CD dele várias faixas que o Leung passava batido… Tem o tema do Brawl, mas como você disse perde todo o impacto sem coral e orquestra… =/

  3. Comentando os comentários…

    @KoaLLa
    -Realmente esse “museu interativo” foi uma piada, sinceramente só tomou espaço;
    -Sobre o playback eu não tenho ouvidos tão aguçados para detalhar o que tinha ou não, mas dava pra notar que as músicas estavam com uma atmosfera diferente, acho até que cheguei a comentar isso com você depois do show;
    -Não tiro sua razão sobre o ponto do Guitar Hero, é interessante, mas como eu falei no post eu não tenho nenhuma simpatia por GH, só opinião pessoal mesmo;
    -Sobre a parte do ensaio eu também não sei dizer ao certo se foi afetado ou não. Só citei isso pra reforçar o quanto aparentemente foi tudo feito as pressas;
    -Pois foi o que fiz esse ano, ao invés de pegar o lugar mais caro achei melhor pegar um mais intermediário, o que não é má coisa pois deu pra ver tudo perfeitamente.

    @Alexei Barros
    Poisé, foi através dos seus posts que eu conheci os outros concertos de game music e pude construir uma idéia melhorada de tudo isso. Sobre as músicas que eu gostaria de ouvir, elas podem nem ser de séries tão famosas por aqui, mas são um tanto quanto especiais para mim e acredito também que são ótimas composições. Mas é como você disse, temos que levar em conta o fato do Brasil ser valorizado pelo VGl, sem deixar de lado os problemas deles.

  4. Concordo totalmente que faltou algo de Motoi Sakuraba (Baten Kaitos, Valkyrie Profile Silmeria etc.), mas suspeito que seja meio obscuro pra quem vai lá pra ouvir Medal of Honor ou Mass Effect. 😦

    Foi decepcionante o playback mesmo, mas pelo menos achei esta versão do One Winged Angel melhor do que a anterior. E Metroid foi uma boa surpresa, assim como Castlevania Rock. 🙂

  5. Bem, vejo que não estou so em muitas impressões que tive do VGL, e concordo plenamente com o post do Faru, do Alexei e da maioria dos comentários… falta coisas mais clássicas e pensadas, seguinte recomendações do Faru, Hadouken e CIA, há muito mais do que o VGL, mas são concertos restritos a poucos lugares… e enquanto eles não vêm, temos que nos contentar com o VGL, que nem é mais a VGL do Trailer =( ~ ano que vem vou comprar o ingresso mais barato e olhe lá…

  6. @Space Invader
    Realmente seria ótimo que fosse tocada alguma composição do Sakuraba, mas infelizmente acho isso remoto… Sobre Metroid e Castlevania eu nem comentei muito no texto, mas não gostei muito não destas versões tocadas por eles.

    @Dhin
    Isso prova que o VGL é algo mais “pop” mesmo. Uma pena estes outros concertos não aparecerem por aqui.

    @Burning
    Sabe que não é má idéia? =]

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